(Scroll down for the English version)
Depois dos thrillers e dos livros de não ficção que li de João Tordo e de ter gostado tanto, posso dizer que estou oficialmente a fazer coleção da obra deste escritor, e que é um dos meus escritores portugueses favoritos. Posso também dizer que, tal como os anteriores, O Luto de Elias Gro não me desapontou.
Neste livro seguimos a história do nosso narrador, cujo nome nunca chegamos a descobrir, que narra na primeira pessoa eventos do passado. Começa com ele a falar de como foi parar a uma ilha, como acabou a viver num farol, e como conheceu Elias Gro, Cecília, e, por outros meios, Drosler e Xavier. Dentro de uma história, descobrimos muitas outras através da perspetiva deste nosso narrador. Lemos sobre sofrimento, luto e amor.
Não consigo dizer quem é a personagem principal desta história. Durante todo o livro somos enviados de um lado para o outro, da história de amor e perda do nosso narrador para a história de sofrimento e educação de Elias Gro. No fim, parece que as duas histórias finalmente se ligam, apesar de desde o início as personagens já estarem a viver no mesmo local. Acho que o nosso narrador precisava de conhecer a história de Elias para se conhecer a si mesmo. E para perceber que há mais para além do sofrimento interior, que há outros. Como nos diz: «É tão simples, só existem dois caminhos. Podemos tentar compreender tudo e fracassar, ou aceitar o mundo tal como ele é.»
Sobre Elias Gro, adorei a forma como a sua história foi contada e os eventos que levaram a que o narrador e Cecília descobrissem o seu passado. Na realidade, quando comecei a ler o livro, achava que o narrador ia ser Elias Gro, o que acabou por não acontecer. Mas observamos ambos a tentar seguir com as suas vidas após grandes perdas, e é isso que os une. A Casa de Drosler [Casa das Águas], o que significa toda a sua reconstrução, e o rumo do narrador, o que ele passa, tudo parte do mesmo: do sofrimento humano.
Uma das coisas que mais gostei neste livro foi o facto de, quando o acabei, sentir-me próxima destas personagens, e sentir que é um livro que leria vezes sem conta.
Eu gostei mesmo deste livro. É uma história diferente dos thrillers, mas uma história que me tocou. Em alguns momentos, as descrições pareciam-me pesadas e repetitivas. Mas o mais engraçado foi que ele, o narrador e «escritor», fala connosco sobre isso, pergunta pelos leitores e uma visão diz-lhe para ter cuidado com as descrições que podem vir a aborrecer. Mas esta é a história de alguém, e o facto de ter essas descrições só o reforça ainda mais.
É o primeiro livro da Trilogia dos Lugares Sem Nome, e mal posso esperar por ler os seguintes.
-----------------------------------------------------------------------------------
ENGLISH
After the thrillers and the non-fiction books I've read and liked so much by João Tordo, I can officially say that I'm collecting books by this writer and that he is one of my favourite Portuguese authors. I can also say that, as with the others, O Luto de Elias Gro [The Mourning of Elias Gro] did not disappoint.
In this book, we follow the story of our narrator, whose name we never get to know, who narrates in the first person past events. It starts with him talking about how he got to an island, how he ended up living in a lighthouse, and how he met Elias Gro, Cecília and, by different means, Drosler and Xavier. Inside one story we find others through the perspective of our narrator. We read about suffering, mourning and love.
I really cannot tell you who is the main character of this story. Throughout the whole book, we are sent from one place to another, from our narrator's story of love and loss to Elias Gro's story of suffering and education. In the end, it seems like the two stories finally connect, even though since the beginning the characters are already living in the same place. I think that our narrator needed to know Elias's story to know himself. And to realise that there is more besides inner suffering, that there are other types. As he tells us: «It is so simple, there are two paths. We can try to understand everything and fail, or accept the world as it is.»
About Elias Gro, I loved the way the story was told and the events that led to the narrator and Cecília discovering their past. In reality, when I started reading the book, I thought that the narrator was going to be Elias Gro, which ended up not happening. But we observe both trying to get on with their lives after huge losses, and that is what connects them. Drosler's house [House of the Waters], what it means all its reconstruction, the path of the narrator, what he goes through, everything comes from one: human suffering.
One of the things that I liked the most about this book was the fact that, when I finished it, I felt close to the characters, and felt that it was a book that I could read time and time again.
I really liked this book. It is different from the thrillers, but a story that touched me. In some moments, the descriptions seemed heavy and repetitive. But the funny thing was that he, the narrator and «writer», talks to us about it, asks for the readers and a vision tells him to be careful with the descriptions because they could bore people. But this is the story of someone, and having these descriptions only reinforces it even more.
It is the first book of the Trilogy of the Nameless Places, and I cannot wait to read the next ones.
Comments
Post a Comment