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Só me faltava este. E que livro. É, definitivamente, o meu favorito de todos os de Sally Rooney.
A história centra-se em duas amigas, Alice e Eileen, na sua relação, e nas relações delas com outras pessoas. Alice é escritora e mudou-se de Dublin para uma casa de campo a duas horas de Eileen, que trabalha em Dublin numa pequena revista literária. Elas não falam ao telefone, nem por mensagem, mas sim por email. Os capítulos dividem-se entre a perspetiva da vida de Alice e de Eileen, intercalados com respostas aos emails de uma para a outra.
Mais uma vez, temos um narrador omnisciente maior parte das vezes. Ou um que vai saltando de personagem em personagem (não só entre Eileen e Alice, mas também com Simon e Felix). O leitor sabe sempre muito mais sobre as personagens. Mas, neste livro, o que mais apreciei em contraste com os outros dois, foi que as personagens não me frustravam tanto - talvez, também, por serem mais velhas.
As minhas partes favoritas foram sempre ler os emails de Eileen para Alice e vice-versa, os tópicos que elas discutiam, as opiniões que tinham. Foi particularmente interessante ver a opinião de Alice sobre escritores e livros contemporâneos, principalmente os que são focados em pessoas, e relações, enquanto há no mundo real tantas coisas supostamente mais importantes sobre as quais se poderia, ou não, falar. É interessante porque acredito que parte disso venha de críticas às obras da própria autora. Talvez este livro possa ser visto exatamente como uma resposta a tudo isso: que para além de tudo o que pode correr mal, se tudo desaparecesse menos as relações entre pessoas, a humanidade acabaria por sobreviver. Há discussões mesmo interessantes, sobre valor da cultura, sobre estética, e muito mais.
Dei por mim a sorrir durante maior parte do livro, a chorar algumas vezes, a pensar "o que estás a fazer?". Adorei.
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ENGLISH
This was the only one left. And what a book. It is, definitely, my favourite of all Sally Rooney's books.
The story is centred on two friends, Alice and Eileen, in their relationship, and in their relationships with other people. Alice is a writer and moved from Dublin to a house in the country two hours away from Eileen, who works in Dublin in a small literary magazine. They do not talk on the phone, not even by messages, only by email. The chapters are divided between the perspectives of Alice's and Eileen's lives, intercalated with their answers to each other's emails.
Like before, we have an omniscient narrator for the majority of the book. Or one who keeps jumping from one character to another (not only between Eileen and Alice but also Simon and Felix). The reader always knows a lot more about the characters. However, in this book, what I liked the most in contrast with the other two, was the fact that the characters did not upset me as much - maybe, too, because they're older.
My favourite parts were always reading the emails from Eileen to Alice and vice-versa, the topics that they discussed, and their opinions. It was particularly interesting to read about Alice's opinion about contemporary writers and books, mainly the ones focused on people, and relationships, while there are so many things in the real world supposedly more important to talk about, or not. It is interesting because I believe that part of that comes from critics about the work of the author herself. Maybe this book can be seen exactly as an answer to all of that: that beyond everything that could go wrong, if everything disappeared except relationships with people, humanity would end up surviving. There are really interesting discussions, about the value of culture, about esthetics, and a lot more.
I found myself smiling during the majority of the book, crying sometimes, thinking "what are you doing?". I loved it.
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