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Este livro já me tinha sido recomendado algumas vezes, e agora que finalmente o li posso dizer que é um dos meus favoritos de sempre.
A história começa quando o nosso narrador (na 1ª pessoa), agora com os seus 50 anos, regressa à sua terra-natal para um funeral e começa a relembrar-se do que acontecera ali quando tinha 7 anos. Acompanhamos uma viagem interna deste narrador sobre vários eventos traumáticos e como ele, naquela idade, lidou com eles.
A família Hempstock, principalmente a menina de 11 anos Lettie, são de grande importância para a história, e logo desde o início percebemos que não é uma família normal (ou aquilo que o narrador recorda do tempo que passou com elas não acontece a qualquer um).
Uma das características que mais gostei nesta história é que, sendo narrada na primeira pessoa e por um homem que relembra recordações de infância, nunca temos a certeza do que aconteceu ao certo. Estas são as minhas histórias favoritas: conseguimos defender que nada do fantástico aconteceu realmente e foi apenas uma forma de ele lidar com acontecimentos traumáticos numa idade tão nova (como a morte, ou até a traição, ou a partida de um amigo), e ao mesmo tempo não podemos deixar de defender que não pode ser essa a explicação, porque no presente há coisas que apontam para que tudo aquilo tenha realmente acontecido.
Para além disto, o livro é feito de uma imaginação única. Nunca li uma história remotamente parecida, com as criaturas tal como se descrevem aqui, ou mesmo com a visão do mundo e do universo que Neil Gaiman aqui constrói, e de como tudo isso é ligado à história do nosso narrador, que nunca chegamos a saber o nome.
No fundo, é uma história sobre o vazio e o escuro que podem estar dentro e fora de alguém. O enredo nunca vai para onde pensamos que irá. Mistura terror com questões existenciais. E eu adorei.
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ENGLISH
This book had already been recommended a few times, and now I can finally say that it is one of my favourites ever.
The story starts when our narrator (1st person narrator), now in his 50s, returns to his homeland for a funeral and remembers what happened there when he was 7 years old. We follow him on an inner journey about several traumatic events and how he, at that age, dealt with them.
The Hempstock family, mainly the 11-year-old Lettie, are of great importance to the story, and right from the beginning, we realize that it is not a normal family (or what the narrator remembers from the time spent with them does not happen to everyone).
One of the things that I liked the most about this story is that, being narrated in the first person by a man who is remembering childhood memories, we can never be sure of what exactly happened. These are my favourite kind of stories: we can say that nothing of the fantasy really happened and that it was only a way of dealing with such traumatic events at such a young age (such as death, or even cheating, or a friend leaving), and at the same time we can say that this is not the only explanation because in the present there are things that point to all that had really happened.
Besides this, the book is made off of a unique imagination. I have never read a story that was remotely similar, with the creatures as they are described here, or even with the same vision of the world and the universe that Neil Gaiman builds here, and how all this is connected to the story of our narrator, who we never even get to know the name.
Deep down, it is a story about the void and the dark that can be inside or outside someone. The plot never goes where we think it's going to go. It mixes horror with existential questions. And I loved it.
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