A RAPARIGA QUE ROUBAVA LIVROS | THE BOOK THIEF

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Há algum tempo, alguns anos aliás, vi o filme de A Rapariga que Roubava Livros. Lembro-me de o adorar, e de achar surpreendente quando no final nos revelam que a Morte é o narrador (no livro sabe-se logo). Agora, finalmente li o livro, e posso dizer que adorei ainda mais.

A história começa em 1939, e seguimos Liesel a ser entregue a "novos pais", pois a mãe não tem possibilidades de continuar a cuidar dela. Ao longo dos anos, conhecemos a sua nova família, amigos, vemo-los passar por muitos altos e baixos. E vemos isto tudo através da perspetiva da Morte.


Uma das coisas que mais gostei neste livro são as descrições. A Morte está a descrever tudo o que se passa, e parece que descreve tudo à sua volta como se tudo estivesse vivo. As descrições são originais e diferentes e conferem um olhar novo e mais pessoal àquilo que estamos a ver ser descrito. Também a Morte se apresenta a ele próprio como um ser com sentimentos, que se tem de distrair, que gostaria de férias, que tem opiniões sobre o que se passa e a quem pesa aquilo que vê durante este tempo.

(no livro, a Morte apresenta-se como um "ele"; eu, por influências de outros livros e histórias, e do português em si, sempre imaginei a Morte como uma figura feminina, mas sei de pessoas que sempre a imaginaram como homem, e outras que nunca pensaram nela como ser vivo ou criatura sequer)

Senti que nos aproximamos muito das personagens, de todas (ou quase todas) elas. 

Max é uma das minhas personagens favoritas. A relação que ele e Liesel constroem é das mais puras deste livro. 

Outra característica que adorei foi a metaficcionalidade da obra. Como está sempre a fazer alusões para a escrita e para o facto de que a história que está a ser contada ser escrita e ser uma história escrita pelas personagens.

Adorei mesmo este livro. 5 estrelas. 

SPOILERS

Eu não me lembrava de quase nada do filme, mas tinha a sensação que a Liesel e o Max eram os que morriam. Não podia ter estado mais enganada, porque morreu toda a gente menos eles. Pelo menos naquele último bombardeamento, claro que depois toda a gente acaba por morrer. 

Não sei como vou conseguir superar a morte de Hans. Quer dizer, não é bem a morte de Hans (nem mesmo a do Rudy), mas sim a forma como a Morte descreveu o que se passou, e a forma como não conseguiu distrair-se de Liesel neste momento, de como teve de ficar a ver a sua reação. 

E acabar com «I am haunted by humans.» [Sou assombrado por humanos]. ?

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ENGLISH

Some time ago, like some years ago, I watched the movie The Book Thief. I remember watching it and loving it, and thinking the greatest plot twist at the end is that Death is the narrator (in the book you know right away). Now, I have finally read the book, and I can say that I liked it even more. 

The story starts in 1939, and we follow Liesel being delivered to "new parents" because her mother does not have the possibility to keep taking care of her. Throughout the years, we get to know her new family, friends and watch them go through a lot of highs and lows. And we watch all this through Death's perspective. 


One of the things that I liked the most about this book is the descriptions. Death is describing everything that is happening and it feels like he describes everything around him as if everything is alive. The descriptions are original and different and give a new look and a more personal one to what is being described. Death also presents himself as a being with feeling, who has to distract himself, who would like a vacation, who has opinions about what is happening and to whom all that he sees weighs on him during that time. 

(in the book, Death presents himself as a "he"; me, by the influence of other books and stories, and Portuguese itself where the word is feminine, have always imagined Death as a feminine figure, but I know of people who always imagined it as a man, and other who never thought of it as a being or even a creature)

I felt like we got a lot close to the characters, all (or most of) them. 

Max is one of my favourite characters. His relationship with Liesel is one of the purest of this book. 

Another feature I loved was the metafictionality of the book. How it is always making allusions to the writing and to the fact that the story that is being told is written and for being a story written by the characters. 

I really loved this book. 5 stars.

SPOILERS

I did not remember a lot from the movie, but I had the feeling that Liesel and Max were the ones who died. I couldn't be more wrong, because almost everyone died but them. At least in that last bombing, of course, after that, everybody does die eventually. 

I don't know how I will be able to recover from Hans's death. I mean, it is not Hans's death per se (not even Rudy's), but the way Death described what happened, and the way how he could not distract himself from Liesel at that moment, how he had to watch her reaction. 

And ending with «I am haunted by humans.» ?

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