Águas Passadas | João Tordo

 (Scroll down for the English version)

Águas Passadas é o segundo thriller de João Tordo, e também o segundo livro de ficção dele que li.

A história começa quando o corpo de uma rapariga de 15 anos é encontrado numa praia, e seguimos a investigação do caso, que vai ficando cada vez mais intenso. Ao longo do livro vamos descobrindo ligações e reviravoltas que me surpreenderam sempre. 

Acontece-me muito quando leio thrillers estar sempre a tentar perceber quem é o culpado e, apesar de ter algumas suspeitas da pessoa que acabou por o ser, não podia imaginar a dimensão daqueles crimes, tudo ligado a um passado ainda mais sombrio e preverso. Houve partes que me fizeram pensar em como finalmente alguém em Portugal escreve sobre certos temas de forma tão explícita mas ao mesmo tempo de acordo com a história e pessoal à história que está a contar. Às vezes parece que só vemos coisas chocantes desta forma, assim mais real e próprio da história, em literatura estrangeira e traduzida. 


Eu não conseguia largar o livro desde o momento em que o comecei. 

Uma das coisas que mais gosto neste livro é o quanto entramos na vida de cada personagem, o quanto temos acesso a elas. A investigadora é uma personagem que ficamos a conhecer profundamente e uma personagem humana. Não é, como muitas vezes acontece, uma investigadora objetiva e que só faz o seu trabalho, como se fosse uma personagem que só guia o leitor. Nós vemo-la como alguém com as suas próprias mágoas e dores, vemos o quanto ela investe no caso e o quanto a sua vida pessoal se pode interligar com ele, ou como maior parte das vezes usa o caso para escapar de si própria. 

Há também outra personagem, Cícero, que eu gostei muito. A sua perspetiva é sempre narrada na primeira pessoa. Achei interessante o livro começar e acabar com a perspetiva dele, quase como se houvesse aqui um sentimento de justiça finalmente dada a esta personagem. 

Adorei o livro, e mal posso esperar por ler a sequela Cem Anos de Perdão.


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ENGLISH

Águas Passadas is João Tordo's second thriller, and it is also the second fiction book written by him that I have read.  

The story starts when the body of a fifteen-year-old girl is found on a beach, and we follow the investigation of the case, that gets more and more intense. Throughout the book we discover links and plot twists that surprised me all the time. 

It happens to me a lot that when I read thrillers I'm always trying to understand who is the culprit and, even though I had some suspicion about the person that ended up being the culprit, I could not begin to imagine the magnitude of those crimes, everything connected to a very dark and twisted past. There were parts that made me think about how finally someone in Portugal is writing about certain themes in such an explicit way but at the same time connected to the story and personal to the story that it is being told. Sometimes it feels like we only see shocking things like these, more real and connected to the story, in foreign and translated literature. 


I could not put the book down from the moment I started reading it. 

One of the things that I like the most about this books is how much we go into the lives of each character, how much we access them. The investigator is a character who we get to know deeply and a human character. It is not, as happens a lot of times, an objective investigator who only does her job, like a characters who only guides the reader. We see her as someone with her own sorrows and pains, we see how much she puts into the case and how much of her personal life can be connected to it, or how the majority of time she uses the case to escape herself. 

There is also another character, Cícero, who I liked a lot. His perspective is always narrated in the first person. I thought it interesting the book starting and ending with his perspective, almost as if there is a feeling of justice that is finally given to this character. 

I loved this book, and cannot wait to read the sequel Cem Anos de Perdão.


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