(Scroll down for the English Version)
Sally Rooney é uma autora da qual nunca tinha lido nenhum livro, mas já tinha visto muitas pessoas a falar de um outro livro seu (Normal People). Contudo, Conversations with Friends é a minha primeira leitura desta autora, uma recomendação, tal como o seu primeiro livro.
Não há bem um enredo. Posso dizer que a história se centra em Frances, pois o livro é todo narrado na 1ª pessoa por ela, e nas pessoas com que mais ou menos vezes se relaciona, como Bobbi, Melissa, e Nick. Isto dá-nos a sensação de que, como leitores, estamos a entrar na narrativa de uma história de vida que já tem muito passado e quando se acaba de ler ficamos com a sensação que o final não foi bem um final, que ainda há muito para vir. Parece que o leitor está, enquanto lê esta obra, a assistir a uma parte muito pequena da vida de alguém e das pessoas com quem interage.
Acho que nunca tinha lido um livro deste género, com este tipo de escrita. Sinto que me aconteceu inúmeras vezes durante a leitura concordar ou identificar-me com uma personagem e 10 páginas a seguir já discordar completamente do que diz ou faz. E acho que uma coisa que esta obra representa bem é a realidade das personagens, porque é isto que acontece com as pessoas. Não conseguimos adorar nem detestar nenhuma das personagens.
[E a quantidade de vezes que a minha mente foi para All too Well enquanto lia? ahaha]
Tal como já referi, uma das coisas que mais gostei neste livro é o facto de dar ao leitor a sensação de que estão a ser descritas pessoas reais. Tenho a sensação que podia encontrar todas aquelas personagens na rua. Também toca em assuntos reais, não descarta nada e tenho a sensação de que é uma história muito aberta para qualquer tema da vida daquelas personagens (como estudantes universitários, política, literatura, silosofia, etc), e toca muito em experienciar coisas novas. Diria até que experiência (ou experiências) é a palavra que caracteriza de uma forma geral e simples sobre o que é este livro.
Do meu ponto de vista, o fim faz sentido para o objetivo da história, mas foi daqueles finais que me deixou a pensar "PORQUÊ?". Ao mesmo tempo parecia que não tinha o direito de me meter na vida de Frances porque estou só ali a ver as coisas acontecerem. Na realidade, não sei se conheço mesmo quem ela é, porque tenho a sensação de que nem ela sabe quem é. E como o livro é todo narrado pela sua perspetiva, até que ponto podemos confiar no que está escrito? Qual é a linha que separa o que realmente aconteceu do que foi processado e descrito pela Frances?
Recomendo imenso este livro a toda a gente, é uma ótima obra para quem está à procura de algo contemporâneo e diferente, com a sensação de realidade, de vida, sabendo que é ficção.
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ENGLISH
I had never read a book by Sally Rooney before, but I had already heard a lot of people talking about another book of hers (Normal People). However, Conversations With Friends was the first book I read by this author, a recommendation, and her debut novel.
There is not really a plot. I can say that the story is centred on Frances, because the whole book is narrated by her in the first person, and on the people with whom she more or less has relationships, such as Bobbi, Melissa, and Nick. This gives us the feeling, as readers, that we are entering the narrative of a life story that already has a lot of past, and when done reading it we get the feeling that the ending is not really an ending, that there's still a lot to come. It seems like the reader is watching a tiny part of someone's life and the people with whom they interact while reading this novel.
I think that I had never read this type of book before, with this type of writing. I feel like what happened a lot while reading was agreeing or identifying with a character and then 10 pages after completely disagreeing with what they say or do. And I think that one very good point about this novel is that it represents well the reality of these characters because this is what happens with people. We cannot love nor hate either character.
[And the number of times that my mind went to All too Well while reading? ahaha]
As stated, one of the things that I liked the most about this book is the fact that it gives the reader the feeling that the characters are real people. I feel like I could find all those characters in the street. It also touches on real matters, not ruling out anything and I feel like this is a very open story for any theme in those characters' lives (such as college students, politics, literature, philosophy, etc), and it touches a lot in experiencing new things. I would say that experience (or experiences) is the word that characterizes in a general and simple way what this book is about.
From my point of view, the ending makes a lot of sense to the purpose of the story, but it was one of those endings that left me thinking "WHY?". At the same time, it seemed that I didn't have any right to say anything about France's life because I'm just there watching things happen. In reality, I don't know if I really know who she is, because I have this feeling that even she doesn't know who she is. And as the book is entirely narrated from her point of view, to what extent can we trust what's written? What is the line separating what really happened from what was rendered and described by Frances?
I highly recommend this book to everyone, it is a great novel for those looking for something contemporary and different, with a feeling of reality, of life, while knowing that it is fiction.
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