REBECCA | DAPHNE DU MAURIER

(Scroll down for the English version) 

Este é sem dúvida um dos meus livros favoritos de sempre, e o mais engraçado é que o li principalmente porque esta história serviu de inspiração para uma das linhas narrativas do álbum Evermore de Taylor Swift.

[ Até posso escrever a explicar a ligação entre o livro e o álbum noutra publicação ]

Eu diria que Rebecca é uma história sobre como o passado consegue assombrar o presente, e sobre como a vontade de agradar e o medo de estar sozinho pode fazer alguém pensar que ama outro, e viver moldado numa realidade com o medo constante de ser abandonado e, por isso, viver cegamente nessa relação.

A história é toda à volta de uma rapariga jovem que conhece um homem de quase 50 anos, e acabam por casar muito apressadamente. Ela é uma jovem sem família, e ele [Maxim] está a casar pela segunda vez.

A narradora é então esta rapariga, e ela passa o tempo todo, desde que entra na mansão de Manderley depois do casamento até que descobre a verdade, a ser assombrada pela antiga presença de Rebecca, a ex-mulher de Maxim. Mesmo que Rebecca tenha morrido, continua quase que a manipular a vida desta jovem, alguém que nunca sequer conheceu. Esta rapariga acha que Maxim nunca vai olhar para ela de uma forma superior ou igual à que olhava para Rebecca. 

O que ela não sabe e descobre muito tempo depois é que Maxim é também assombrado pela antiga presença de Rebecca, mas de uma forma muito diferente da dela, e que a relação deles não era nada como ela imagina, nem a morte de Rebecca como todos pensam.

Tudo isto faz com que a rapariga queira ganhar a atenção de Maxim e o seu afeto fazendo tudo por ele. Quando ele lhe revela como era realmente a sua vida com Rebecca e o que se passou, esta jovem vê a oportunidade por que tanto esperou e age cegamente para se conseguir aproximar dele. Não sei se isto se poderia chamar estar cega por amor, porque esta rapariga nunca tinha amado outra pessoa, talvez nem saiba realmente o que é amor e pense que o que tem com Maxim o é. Acho que aqui se reflete mais a necessidade de ser amada, custe o que custar. 

O que me surpreendeu no livro foi o facto de ser todo através do ponto de vista desta jovem, mas nós nunca chegamos a saber o nome dela. Parece que estamos a ler para descobrir mais sobre ela mas acabamos por fazer parte de uma história sobre a falecida mulher de Maxim.   

Ela basicamente viveu todo aquele tempo como uma sombra daquilo que Rebecca foi, daquilo que ela achava que Rebecca tinha sido e o que achava ter sido o seu significado para Maxim, em vez de se impôr sobre tudo isso. É por esta razão que nunca vamos saber o nome dela, é quase como se fosse irrelevante porque apesar de ser parte da sua vida, a história teve início, meio e fim por causa de Rebecca. 

E há tantos detalhes que parecem mínimos, como a maneira com que ela trata Maxim em contraste com a maneira como a família o trata, que me fazem pensar que ele também não a ama, apesar de no fim parecer que sim.

Só mais tarde é que me apercebi que eu realmente comecei a ler para conhecer a história desta jovem, mas a certa altura já não é isso que acontece. Estou a ler para descobrir quem foi Rebecca e o porquê de sentir que há um mistério demasiado grande à volta da sua morte.

Este é daqueles livros que põe o leitor dentro da cabeça de uma personagem mas não o impede se sair. Nós conseguimos estar no lugar dela e ao mesmo tempo ver as coisas numa perspetiva maior, o que ela é incapaz de fazer. 

Agora os pensamentos finais de um livro que acaba em aberto: foi Danny que pôs o fogo? Será que ela falou com Favell? Será que tudo aquilo representa uma espécie de castigo final para os protagonistas?

Ah, quando acabarem de ler o livro, voltem a ler o primeiro capítulo, porque depois de tudo esse capítulo toma uma perspetiva diferente e mais interessante.

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ENGLISH

This is without question one of my favourite books of all time, and it is funny because this story is the inspiration for one of Taylor Swift's narratives in her album Evermore

[ I can even write about the connection between the book and the album in another post ]

I would say that Rebecca is a story about how the past can haunt the present, and about how the will to please and the fear of being alone can make someone think that they love another person, and live shaped in a reality with the constant fear of being abandoned and, because of that, live blindly in that relationship. 

The story is centred around a young girl who meets an almost 50-year-old man, and they marry very quickly. She is young and does not have family, and he [Maxim] is marrying for the second time. 


The narrator is this girl and she spends all her time, from the moment she enters Manderley mansion after the wedding to the moment she discovers the truth, being haunted by the former presence of Rebecca, Maxim's ex-wife. Even if Rebecca is dead, it is almost as if she continues to manipulate this young girl's life, someone she never even met. This girl thinks that Maxim will never look at her as superior or even equal compared to how he looked at Rebecca.

What she doesn't know and discovers a long time after is that Maxim is also haunted by Rebecca's former presence, but in a very different way from hers, and that their relationship was nothing like she imagines, or even the death of Rebecca like everyone thinks it was. 

All of this grows into a deep desire in this girl of wanting to gain Maxim's attention and affection by doing everything for him. When he reveals how his life was with Rebecca in reality and what did happen, this girl sees the opportunity that she was waiting for and acts blindly to get closer to him. I don't know if we can call this being blinded by love, because this girl never loved another person before, and maybe she didn't even know what love is and thinks that it is what she has with Maxim. I think that this is more a reflection of a necessity to be loved no matter what. 

What surprised me in the book was the fact that it is all from this girl's point of view, but we never actually get to know her name. It is like we are reading to discover more about her but we end up being in a story about Maxim's dead wife. 

She basically lived all that lime in the shadow of what Rebecca was, and what she thought Rebecca had been and what she thought Rebecca meant to Maxim, instead of coming forward and impose herself. And this is why I think that we will never know her name, it is almost irrelevant to know because even if the story is a part of her life, Rebecca was always the reason why it had a beginning, a middle and an ending. 

And there are so many details that seem minimal, like the way she treats Maxim in comparison with how his family treated him, that make me think that he doesn't love her either, even if it seems like it in the end.   

It was only later that I realized that I started reading this book to know this young girl's story, but that is a moment when I am not doing that anymore. I am reading to discover who Rebecca was and why do I have this feeling that her death is surrounded by this large mystery. 

This is one of those books that put the reader inside the head of a character but does not keep them from leaving. We can be in her place and at the same time see the bigger picture, which she can't do. 

Now the final thoughts of a book with an open ending: was the fire caused by Danny? Did she talk to Favell? Is it possible that it represents some kind of final punishment for the protagonists? 

Oh, and when you finish the book, come back and read the first chapter, because after everything that chapter gains a different and more interesting perspective. 

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