MACHIAVELLI - O PRÍNCIPE | THE PRINCE

 (Scroll down for the English version)

Já alguma vez se questionaram da origem da palavra “maquiavélico”? Pois, é por existir uma obra como “O Príncipe” que ela existe em todo o mundo, e é uma palavra que não é dita de forma simples.

Nicolau Maquiavel é um autor italiano do século XVI que escreveu muitas obras, mas aquela pela qual é reconhecido é exatamente “O Príncipe”, escrita entre 1513 e 1516, uma obra censurada, mas admirada secretamente.


“O Príncipe” é um tratado sobre política, que Maquiavel dedica a Lourenço de Medici Júnior, e é um livro que pretende ensinar um príncipe a governar, mais especificamente a conquistar e manter o seu poder. Na dedicatória Maquiavel refere que aquilo que está a apresentar é resultado de anos de trabalho, experiência e leitura, por isso a sua doutrina é a junção de um conhecimento empírico com a contínua aprendizagem das coisas antigas. Diz, portanto, que na confusão do mundo consegue distinguir as regras que o devem regular, pretendendo que esta seja uma obra útil e que é para a realidade que quer voltar a sua atenção, e tem plena noção de que o caminho que está a percorrer o coloca em contramão de uma corrente de príncipes importantes.

Este tratado é escrito de uma forma muito fria, é uma prosa sem muitas comparações, de discurso controlado, sem ornamentos e que não foge ao que quer dizer porque considera que esse caminho é o habitual, e o que ele faz é diferente. Os homens para Maquiavel têm mais vícios que virtudes, e porque os homens não são bons o príncipe também o deve saber não ser se tiver essa necessidade, pois só assim conseguirá manter o seu poder. Uma das frases mais marcantes e frias que refere é “Aquele que engana encontrará sempre quem se deixe enganar”.

Ao longo da obra não só Maquiavel vai procurando uma forma justa para dizer o que pretende, e com cada vez mais pudor, mas também vai ajustando a sua opinião. Quando no início referia que apenas queria a verdade, no capítulo 18 refere que para um príncipe não é o possuir todas as qualidades de “bom príncipe” (aos olhos do povo e dos outros príncipes) que importa mas sim parecer que as tem, que é preciso ser-se como uma raposa, saber fingir, pois só assim é que estará preparado governar. E a virtude de um príncipe é um dos temas mais constantes ao longo de todo o seu discurso, mas há uma diferença de sentido desta palavra: a virtude para Maquiavel é a capacidade de eficácia, o estar pronto para ler os sinais e agir, ser calculista, saber moldar os eventos da fortuna, tendo sempre em conta que o fim é a conservação do estado.

Portanto, os meios não importam desde que consiga atingir o seu fim ideal. Há inclusivamente uma parte neste tratado em que ele refere uma crueldade bem usada, que quase que diz que um homem virtuoso é um homem cruel. E ao mesmo tempo que disse que um príncipe deve ter o povo como amigo está a dizer que deve utilizar a crueldade nele, estando quase a dizer que a crueldade é uma coisa boa para o povo.

E para finalizar, e seguindo o raciocínio e as palavras de Maquiavel, é muito melhor para um príncipe ser temido do que amado, pois não se pode confiar nos homens, e se se tiver de escolher entre uma destas características deve optar-se pelo temor, pois com temor não será subestimado, nem pelo povo, nem pelos inimigos.

----------------------------------------------------------------------------

ENGLISH

Have you ever wondered about the origin of the word “Machiavellian”? It is actually because of a work like “The Prince” that it exists everywhere, and that is not a word that is said easily.

Niccolo Machiavelli is an Italian author of the 16th century who wrote a lot of books, but the one for which he is known is exactly “The Prince”, written between 1513 and 1516, a censured book, but admired secretly.

“The Prince” is a treatise about politics, that Machiavelli dedicates to Lorenzo de Medici Junior, and a book that is made to teach a prince how to rule, more specifically how to conquer and maintain his power. In the dedication Machiavelli refers that what he is presenting is the result of years of work, experience and reading, so his doctrine is the addiction of an empiric knowledge and a continuous learning of old things. He says, therefore, that in the mess of the world he was able to distinguish the rules that should rule it, wanting this work to be an useful work and that it is for the reality that he is turning his attention, and he has full conscience that the rode where he is going puts him against a chain of important princes.

This treatise is written in a very cold way, it is a prose without many comparisons, with a controlled speech, without ornaments and that doesn’t escape what he means because he considers that that’s the usual path, and what he is doing is different. For Machiavelli men have more flaws than virtues, and because of men not being good the prince should know how to not be too if in need, because that is the only way he will maintain his power. One of the most striking and cold phrases that he refers is “The one who deceives will always find the one to be deceived”.

Throughout the work not only Machiavelli keeps searching for a just way to tell what he wants to say, and with more and more pudency, but also, he adjusts his opinion. When in the beginning he said that he just wanted the truth, in the chapter 18 he refers that for a prince it is not having the qualities of a “good prince” (in the eyes of the people and other princes) but what is really important is to look like he has them, that he needs to be like a fox, knowing how to fake it, because that is the only way he is going to be ready to govern. And the virtue of a prince is one of the most constant themes in all his speech, but there is a difference in the meaning of this word: the virtue for Machiavelli is the capacity of efficiency, being ready to read the signs and act, knowing how to mold the fortune’s events, having always in mind that the end is the state preservation.

So, the means do not matter as long as they achieve the ideal ending. There is inclusively a part in this treatise where he refers a well-used cruelty, that he almost says that a virtuous man is a cruel man. And at the same time, he is saying that a prince should have the people as friend and that he should use this cruelty in them, almost saying that the cruelty is a good thing for the people.

And to finish, and following Machiavelli’s logic and words, it is much better for a prince to be feared than to be loved, because the men can’t be trusted, and if a prince needs to choose between one of those characteristics he should always go for the fear, because with fear he won’t be underestimated, not by the people, not by his enemies.

Comments