Durante os 12 anos de escolaridade obrigatória muitos dos
alunos, principalmente aqueles que não desenvolvem um gosto particular pela
leitura, são confrontados com livros que têm o dever de ler.
A primeira impressão de Saramago foi-me dada pelo livro de
leitura obrigatória “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, um livro de quase 500
páginas que li quase até ao fim, porque quando estava a 100 páginas de o acabar
a professora avançou e contou o final.
Saramago tem um estilo de escrita muito particular, mais concretamente, não cumpre quase nenhumas “regras” de gramática, o que pode dificultar a leitura.
Passado 1 ano de ter lido pela primeira vez a sua obra,
encontrei outro livro numa prateleira de uma estante cheia de livros que tenho
em casa: “As Intermitências da Morte”. É um livro com cerca de 200 páginas,
publicado em 2005 e que apresenta uma reflexão sobre a morte e como Portugal
reagiria, tanto socialmente como politicamente, se a morte deixasse de existir.
A história centra-se nas mudanças que foram verificadas pelo
país inteiro quando no dia 1 de janeiro mais ninguém morreu, nas vantagens e
nas desvantagens que isso trouxe. A meio do livro acontece uma reviravolta. A
morte apresenta-se como um “ser” e avisa que, para além de os cidadãos
recomeçarem a morrer, iriam ser avisados com uma semana de antecedência através
de uma carta. O problema surge quando um violoncelista de 50 anos não morre
quando devia, um caso nunca antes visto pela morte, e que requer a sua atenção
imediata.
Quando acabei de ler este livro fiquei com uma sensação que
já não experienciava há algum tempo, a sensação de ter lido um livro
genuinamente bom, com uma ideia e uma linha de pensamento e reflexão fora de
tudo aquilo que já li. O que mais me espantou foi o facto de imaginar vários finais,
mas nenhum dos que imaginei foi o que realmente aconteceu, e, contudo, ter a
sensação de que aquele que é o verdadeiro final ser o que faz mais sentido.
Claramente não tive a mesma experiência a ler “O Ano da Morte
de Ricardo Reis” e “As Intermitências da Morte”, o que prova que um livro não
define um autor, tal como a obrigação ou o dever de o ler não devem definir o
nosso gosto por esse mesmo autor.
LIVRO: https://www.bertrand.pt/livro/as-intermitencias-da-morte-jose-saramago/15723884?a_aid=6015af90dfd9a
During the 12 years of mandatory schooling a lot of students,
mainly the ones that didn’t develop a particular taste for reading, are
confronted with books that must read.
My first impression of Saramago was given by the mandatory
reading of “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (“The Year of the Death of Ricardo
Reis”), a book with almost 500 pages that I could have read until the end if
the teacher would not had advanced and tell its ending.
Saramago has a very particular writing style, more precisely,
he doesn’t follow almost any of the grammar “rules”, which can complicate the
reading.
One year after I read this first work, I found another book
on a shelf full of books that I have at home: “As Intermitências da Morte”
(“Death with Interruptions”) . It’s a book with around 200 pages, published in
2005 that’s a reflection about death and how Portugal would react, socially and
politically, if death would stop existing.
The history is centered in the changes that happened in the
whole country when in January 1st no one else died, in the advantages and
disadvantages that it brought. In the middle of the book there’s a twist. The
death presents herself as a “being” and says that besides the citizens start
dying again, they would get a letter one week before they died warning them.
The problema starts when a 50 year old cellist doesn’t die when he was supposed
to, which death had never seen and required her total attention.
When I finished reading this book I felt something that I
haven’t felt in some time, the feeling that I just finished reading a genuinely
good book, with an idea and a line of thinking and reflection out of everything
I’ve read. What surprised me the most was the fact that I imagined a lot of
endings but none of them was actually what happened and, besides that, have the
feeling that the one that really happened is the one that makes more sense.
Clearly I did not have the same experience reading “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (“The Year of the Death of Ricardo Reis”) and “As Intermitências da Morte” (“Death with Interruptions”), which proves that a book doesn’t define an author, the same as the obligation to read shouldn’t define our taste for that author.
Thank you!
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